Familiarizando

   Sempre que lemos algum texto que fala sobre assuntos relacionados à astronomia nos deparamos com palavras e termos diferentes, próprios desse "mundo da astronomia", então aqui vou tentar explicar de maneira facil alguns desses termos, para que pessoas que nunca tiveram contato com esta ciência possam se familiarizar e entender aquilo que está lendo.

   Primeiro vamos entender como funciona a dinâmica do céu, ilustrando o movimento das estrelas na esfera celeste.
   Nós sabemos que o planeta Terra gira em torno do Sol, fazendo o movimento de translação e cada volta representa um ano, e um ano tem 4 estações: Verão, Outono, Inverno e Primavera, em cada uma dessas estações, ou períodos do ano o planeta está em um ponto diferente de sua órbita, como vemos na Imagem 1:
Imagem 1
   Durante o dia não vemos estrelas, devido à luz do Sol, então observe na figura: durante o Inverno não vemos as estrelas da "parte 1" do céu, referente ao Verão, e vice versa, por isso a maioria das estrelas, constelações e objetos que vemos no céu não são visíveis todas as noites do ano.
   Mas nós tambem sabemos que o planeta Terra gira em torno dele mesmo, a partir de dois pontos que chamamos de Pólos, sendo eles Sul e Norte.
   Esse movimento se chama Rotação e é responsavel pela impressão que temos de que as estrelas se movem no céu. Para perceber esse movimento basta olhar um determinado grupo de estrelas logo ao anoitecer, e depois de algumas horas perceberá que ele se moveu por um grande pedaço do céu, cada hora que passa equivale a 15º de movimento no céu. O movimento de todos os corpos celestes é de Leste para Oeste.
  Veja a Imagem 2, é uma fotografia de longa exposição, registrando o movimento das estrelas atraves do céu durante alguns minutos.
Imagem 2
   Na imagem podemos perceber o Polo Sul celeste que é o ponto onde todas as estrelas giram ao redor.
   De acordo com a posição da pessoa que observa, em relação à linha do Equador, esse ponto estará mas próximo ou afastado do horizonte, sendo medido em graus de acordo com a latitude do observador.
   A latitude é a distância a partir da Linha do Equador, sendo 0º na linha do equador e 90º nos Pólos, que são os pontos extremos do planeta.


Precessão: 
A precessão dos equinócios é um dos três movimentos básicos da Terra (os outros dois são a rotação e a translação). Esse movimento é equivalente ao bamboleio de um pião. Enquanto gira em torno de seu próprio eixo a cada 24 horas nosso planeta faz mesmo, só que demora 26 mil ano para completar uma volta. A precessão dos equinócios antecipa (precede) o início da primavera (equinócio) e muda a data da entrada do Sol em cada signo. Quando os babilônios observavam o céu o equinócio da primavera (chamado ponto vernal) estava na constelação de Touro. Mas a partir do ano 2150 a.C ele foi para Áries. Hoje está em Peixes, e ali permanecerá até quase o ano 2600, quando então entrará em Aquário. 


Distâncias
   Em astronomia as distâncias conhecidas são muito maiores do que as usadas aqui na Terra, por isso foi necessário criar novas escalas de distância, e são elas:
   Unidade Astronômica (UA) - É a distância média entre a Terra e o Sol, aproximadamente 150 milhões de quilômetros. Usada para medir distâncias dentro do sistema solar.
   Ano-luz - A luz percorre uma distância de aproximadamente 200.000 quilômetros por segundo, o ano-luz é a distância que a luz percorre ao longo de um ano, que é aproximadamente 9,46 trilhões de quilômetros.
   Parsec - É a medida de 3,26 anos-luz, aproximadamente 28,38 trilhões de quilômetros.


Magnitude
   Ao ler um texto ou informação sobre algum objeto celeste você verá um número que determina a magnitude visual daquele objeto. Esses números indicam a escala de quão brilhante é aquele objeto a partir do ponto de vista de quem está na Terra, e essa é uma escala inversa ao que estamos acostumados, nela quanto maior o número menos brilhante é o objeto, e quanto menor o número, mais brilhante ele é, por exemplo, a estrela mais brilhante do céu, Sirius, tem magnitude -1.41, note que de tão brilhante sua magnitude é negativa! Ao passo que as estrelas mais fracas que podemos ver sem auxilio de binóculos ou telescópios são de magnitude 5.5, no máximo 6.
   Essa escala funciona da seguinte forma: uma estrela de magnitude 0 é 2.5 vezes mais brilhante do que uma de magnitude 1, e assim por diante. Então por exemplo uma estrela de magnitude 4 será 15,6 vezes menos brilhante do que uma de magnitude 1, porque a conta deverá ser: 2,5³ (2.5 x 2.5 x 2.5).
   Todos os objetos que vemos no céu tem uma magnitude visual, em alguns casos ela é variável, por que o objeto em questão se desloca pelo espaço e causa uma mudança no seu brilho segundo a nossa perspectiva de visão, como no caso dos planetas e cometas, que de acordo com a distância que estão da Terra vemos eles mais ou menos brilhantes.
   Exemplos de magnitudes:
   Sol: -26.8                                                     Canopus, segunda estrela mais brilhante: 0.65
   Lua cheia: -14.8                                           Limite da visão humana: aprox. 5.5
   Vênus na fase mais brilhante: -4.7              Limite médio de um telescópio amador: 13
   Júpiter na fase mais brilhante: -2.9              Limite dos maiores telescópios: 42


Magnitude Absoluta - É a magnitude que um objeto teria se fosse colocado a distância de 10 parsecs (aproximadamente 32,616 anos-luz). Algumas das estrelas visíveis a olho nu tem uma magnitude absoluta que seria capaz de nos dar sombra se colocadas à distância de 10 parsecs: Rigel (-7,0), Deneb (-7,2), Naos (-7,3), e Betelgeuse(-5,6). Para comparação, Sirius tem uma magnitude absoluta de 1,4 e o Sol tem uma magnitude absoluta de 4,83 (ele na verdade serve de ponto de referência). Magnitudes Absolutas para estrelas geralmente vão de -10 (as mais brilhantes) até +17 (as mais fracas). 

Brilho de superfície - É a magnitude visual de um objeto dividida pela sua área. É geralmente usado para galáxias e nebulosas, que são objetos mais difusos. Quanto maior o brilho de superfície, mais tênue será esse objeto, dificultando assim a sua observação, por mais que ele tenha uma magnitude visual grande.

Dimensão de objetos
   O céu para nós é uma esfera, e nos estamos dentro dela, olhando para todos os objetos celestes de dentro para fora dessa esfera, para medirmos o tamanho que nós vemos esses objetos, sejam planetas, aglomerados ou galáxias utilizamos o sistema de graus. Um circulo possui 360º (º = grau(s)), então a nossa esfera celeste tem tambem 360º, mas nós só vemos 180º, devido ao horizonte que corta essa esfera em 2 partes aproximadamente iguais. Como se cortássemos uma laranja ao meio.
   Cada um desses 360º é dividido em 60 partes, que chamamos de minutos de arco ( ' ), então metade de 1º tem 30' ou 30 minutos de arco. O tamanho aparente da Lua no céu é de aproximadamente 33' no perigeu.
  Mas cada um desses minutos de arco tambem são divididos em 60 partes, formando os segundos de arco, representados por = ". Essa medida é usada para objetos visualmente muito pequenos, como galáxias distantes ou a separação de estrelas duplas.

Planetas
   Planetas interiores são aqueles que estão abaixo da órbita da Terra: Mercúrio e Vênus
   Planetas exteriores são os que estão acima da órbita da Terra: Marte, Júpiter, Saturno Urano e Netuno.
   Planetas terrestres são aqueles com formação rochosa: Mercúrio, Vênus, Terra e Marte
   Planetas jovianos são aqueles formados em maior parte de gás: Júpiter, Saturno, Urano e Netuno
   Planetas anões ou  planetoides são aqueles que não tem tamanho ou massa suficiente para serem considerados planetas, mas tambem possuem uma órbita ao redor do Sol, exemplos: Ceres, Plutão, Eris, Sedna.
   Satélites naturais são corpos menores do que os planetas, e orbitam os planetas. Um planeta pode ter mais de um satélite, Júpiter, por exemplo, tem 63, enquanto que a Terra só tem um, a Lua.


Oposição - Disemos que um planeta está em oposição quando ele passa por tras da Terra no momento que forma uma linha imaginaria entre o planeta, a Terra e o Sol. Nos dias próximos a esses acontecimento o planeta em questão aparece maior e mais brilhante no céu, melhor para observação.



Elongação máxima
Elongação máxima - Só acontece com Mercúrio e Vênus, é o momento em que eles parecem estar mais afastados do Sol em relação à perspectiva de visão da Terra. Quando um planeta esta em elongação máxima atinge tambem sua maior altura em graus em relação ao horizonte, ficando visível por mais tempo no céu. Uma elongação máxima a Leste significa que o planeta aparecerá de madrugada, antes de o Sol nascer, e a Oeste ele aparecerá ao anoitecer.


Conjunção - Disemos que um planeta está em conjunção quando ele está na mesma linha de visão do Sol, sendo uma conjunção inferior quando um planeta interior passa entre o Sol e a Terra.


Tambem podemos dizer que há uma conjunção entre planetas, quando eles estão próximos um do outro no céu, na foto ao lado, uma conjunção entre a Lua e Vênus (ponto mais brilhante).




Estrelas
Quando falamos de estrelas logo aparecem as palavras: classe espectral, Supernova, supergigante, binária, etc. Mas o que é isso? Vamos por partes..

NGC 2818 - Nebulosa formada
 pela emissão de gases de uma estrela
prestes a explodir
Vida das estrelas - Todas as estrelas tem um período de vida, que dura bilhões de anos, geralmente se formam em nuvens de poeira e gases, são feitas de plasma e vivem da fusão de elementos como o Hélio e Hidrogênio no seu núcleo, quando elas queimam todo o Hidrogênio começam a queimar outros elementos, e a se expandirem e esfriarem ao mesmo tempo. Dizemos que uma estrela é "gigante" ou "supergigante" de acordo com o tamanho que ela tem, podendo ter centenas de vezes o tamanho do Sol.
   Quando uma estrela morre ela pode ter um belo ou um terrível fim de acordo com o seu tamanho. Estrelas menores que o Sol conforme vão perdendo suas camadas e queimando todo seu material, vão se esfriando até virarem uma Anã Branca, vermelha ou uma Anã Marrom, que quase não emite luz. Mas se ela for grande pode se transformar em uma Supernova, que nada mais é do que a explosão de uma estrela gigante, emitindo centenas de vezes mais luz do que emitia quando estava viva, e ejetando gás e radiação por uma grande distância.
   As estrelas Supergigantes com mais de 7 massas solares podem explodir em Supernovas e formarem buracos negros devido à grande gravidade que elas tem.

Classes Espectrais - Você já reparou que nem todas as estrelas são da mesma cor? Ao olhar para o céu estrelado podemos ver pontinhos azuis, brancos, amarelos e alaranjados, isso se deve à temperatura da superfície das estrelas, e elas são classificadas da seguinte forma:
O - Emitem luz azulada. Estrelas da Classe O são muito quentes podendo ter 30 - 60 mil ºC na superfície e brilham um milhão de vezes mais do que o Sol. Estrelas desse tipo são muito raras, tendo uma para cada 3 milhões nas redondezas do Sol. Exemplo: Alnitak e Mintaka no cinturão de Órion.
B - Emitem luz branca-azul. Com temperaturas entre 10 - 30 mil ºC e luminosidade em torno de 20 mil vezes a do Sol são bastante comuns e estão na fase inicial de sua vida. Exemplo: Rigel na constelação de Órion
A - Emitem luz branca. Temperaturas entre 7,5 - 10 mil ºC e luminosidade 40x maior que a do Sol. São as estrelas mais comuns no céu. Exemplo: Sirius em Cão Maior, a estrela mais brilhante do céu.
F - Emitem luz branca-amarelada. Temperaturas entre 6 - 7,5 mil ºC e 6x mais luminosas que o Sol. Exemplo: Canopus na Quilha, a segunda estrela mais brilhante.
G - Emitem luz branca-alaranjada. Temperaturas entre 5 e 6 mil ºC, o Sol é uma estrela de classe G.
K - Emitem luz alaranjada. Temperaturas entre 3,5 - 5 mil ºC e commetade da luminosidade so Sol, são consideradas frias e estão próximas à faze final de vida. Exemplo: Aldebaran em Touro
M - Emitem luz laranja-avermelhada. Temperaturas de 2 a 3,5 mil ºC com luminosidade 200x menor que a do Sol, essas estrelas estão na fase final de suas vidas, muitas delas são Anãs Vermelhas ou Supergigantes prestes a explodir, como Antares em Escorpião e Betelgeuse em Órion.